Catástrofe anunciada: Rio de Janeiro corre risco inimaginável com 6 barragens

O rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, trouxe de volta o debate em relação à segurança das represas brasileiras. No Rio de Janeiro são 29 barramentos. Deste total, 6 apresentam um alto Dano Potencial Associado (DPA).

“Alto Potencial de Dano significa, em português claro, que são barragens que se tiverem qualquer tipo de problema fora da normalidade destroem cidades próximas ou causam grandes danos à localidade onde se encontram. Caso aconteça algo grave na Lago Javary, por exemplo, o município de Miguel Pereira seria engolido pelas águas”, conta Sergio Ricardo, fundador do Movimento Baía Viva.

As barragens que mostram alto Dano Potencial Associado são Juturnaíba, Saracuruna, Rio Imbuí-UT Triunfo, Lago Javary e Gericinó, segundo dados da Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), órgão encarregado de fiscalizar a segurança dessas estruturas no Estado do Rio.

“Juturnaíba é como uma bomba-relógio para o Rio de Janeiro. Existem vários dejetos químicos no local”, destaca Sergio Ricardo.

A Represa de Juturnaíba, antiga Lagoa de Juturnaíba, fica no Rio São João e é responsável pelo abastecimento de água da Região dos Lagos.

De acordo com o levantamento do Inea, em 2018, após a fiscalização, os responsáveis por essas estruturas citadas foram notificados e orientados a adotar medidas corretivas.

Sobre a barragem de Gericinó, que é de responsabilidade do Inea, foi feita uma vistoria recente e alegou-se que não há qualquer risco.

a montanha de resíduo e o Rio Paraíba do Sul

Ainda há barramentos que fazem limite entre Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em caso de ruptura de uma dessas barragens, toda a região Fluminense sofreria muitos danos, pois o rio mais importante do estado (o Paraíba do Sul), que abastece 80% da população da Região Metropolitana, pode ser fortemente atingido.

PROBLEMA AINDA MAIOR

Como se não bastasse a preocupação com as barragens, o estado do Rio convive com outra questão que, segundo Sergio Ricardo, merece muito mais atenção e solução por parte dos órgãos responsáveis. Em Volta Redonda existe uma montanha de resíduo siderúrgico depositado, diariamente, por cerca de 100 caminhões da Companhia Siderúrgica Nacional – CSN.

A montanha de resíduo siderúrgico, chamado de escória de aciaria, está a cerca de 50 metros do Paraíba do Sul. De acordo com os dados levantados por Sérgio em anos de pesquisas, caso as substâncias empilhadas tenham contato com as águas do rio, as consequências podem ser catastróficas.

“Um desastre ambiental pode acontecer e atingir dezenas de cidades do Vale do Paraíba, da Baixada Fluminense e a Capital. Uma pilha gigante de diversos tipos de substâncias químicas pode contaminar o Rio Paraíba do Sul”, opina Sérgio Ricardo, que frisa que todas as informações são de conhecimento do poder público.

A CSN já emitiu nota afirmando que o material armazenado “não é perigoso, conforme classificação da ABNT, não representando qualquer risco ao meio ambiente ou a saúde”.

“O processo é realizado de acordo com todas as normas ambientais pertinentes e conforme licença ambiental válida, o qual consiste em reciclagem do material em que a parte metálica é separada e volta a ser usada no processo siderúrgico. O restante do material, estéril e incapaz de contaminar o meio ambiente, ao invés de ser descartado é processado e resulta em agregado siderúrgico, produto mundialmente utilizado na fabricação de cimento, em pavimentação, em lastro de ferrovias e como base para asfaltamento de vias de tráfego, dentre outras formas de utilização. A CSN reitera, ainda, que doará parte desse material para recuperação de estradas vicinais do Estado do Rio de Janeiro”, diz a nota.

 

Fonte: Diario do Rio